quarta-feira, 28 de outubro de 2009

“Escrever é dizer o pensamento ...” (Vera Mussi)


Partindo-se do conceito de que o texto é uma ocorrência linguística falada ou escrita “ de qualquer extensão dotada de uma unidade sociocomunicativa, semântica e formal” (p.3), sempre que procuro desenvolver uma atividade que inicie um processo de aprendizagem de produção textual penso em oralidade.
A princípio acredito que o aluno deve perceber que ao falar, se colocar, expor uma idéia, contar um fato, deve fazê-lo de modo claro, objetivo, compreensível e numa linguagem que seus parceiros possam entender. Se conseguir desenvolver essa atividade de maneira participativa já na oralidade ele vai estar desenvolvendo conceitos fundamentais de coesão, coerência, intencionalidade, situcionalidade, aceitabilidade, etc, e normalmente os jovens o fazem com tranquilidade.
A partir do “falado” passar para o escrito de modo que o aluno possa perceber que escrever é tão importante (talvez mais) quanto falar num processo de comunicação.
Os princípios da textualidade só terão importância quando realmente utilizados no dia a dia de nossos jovens de forma natural e cotidiana.
Não sinto os jovens fazendo isso, para eles há uma dicotomia entre falar e escrever, e isso deve ser minimizado durante todo esse processo.
Podemos descrever uma infinidade de atividades, mas nenhuma é final, pois a cada agrupamento de alunos temos que ir mudando para atender as diferenças e desenvolvimento ali existente.
Por outro lado, durante todo esse tempo em que trabalho com nossa língua e consequentemente com a produção de texto, sinto que os alunos tendem a “travar” e uma das causas é como avaliamos o que nos é apresentado.
Sempre que me proponho a avaliar um texto, tenho como premissa lançar mão de preceitos básicos de coesão e coerência que garantam um todo significativo fazendo com que o texto atinja o objetivo proposto e se ele consegue se fazer entender pelo receptor; mas a subjetividade com que valoramos me preocupa.
Quando desenvolvo a minha atividade de corretora de concursos e vestibulares nos é dado parâmetros rígidos que de certa forma nivela a todos “por baixo” e tolhe a avaliação da criatividade, nos deparamos com centenas de textos “quadradinhos”, ou seja técnicamente aceitáveis, mas sem qualquer informação interessante, ou nova, são quase medíocres. Por outro lado, se liberarmos totalmente essa atividade poderemos nos deixar levar por incongruências indesejáveis e que podem ser fatais na aprendizagem.
Assim, eu acredito, que tão importante quanto ensinar princípios textuais, a avaliação deve ser elaborada quando da formulação da atividade e deve passar por um crivo que determine:-
- O que vou avaliar?
- Como o farei?
- O que vou considerar satisfatório?
E, principalmente, o aluno deve ter conhecimento desses parâmetros, afinal a nossa função como docente deve ser a de estimular nossos jovens e no desenvolver de todas as atividades ir aparando as arestas e proporcionando condições para que este se desenvolva numa forma continua, progressiva e articulada com tudo que estamos propondo para eles. E fundamentalmente sermos coerentes sem contradizer o mundo ao qual nos referimos. Em nossas atividades docentes, também estamos desenvolvendo um texto.

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